terça-feira, 8 de julho de 2008

Edifício Magnólia


Algo que tenho ouvido a minha vizinhança favorita comentar é que não se lembram de como foram dar a um Edifício com tanta vida e sedução. Por mero acaso, porque aconteceu, porque alguém lhes falou sobre o Edifício Magnólia, as razões são muitas, mas a verdade é que a partir do momento em que se entram as portas desde Edifício... é difícil descolar. É difícil parar de espreitar pelas fechaduras das portas. Pela janela entreaberta do primeiro esquerdo, numa segunda-feira como tantas outras, ouvi pela primeira vez o nome de Helena. Que está naturalmente e para sempre associado ao nome de Rodrigo, o seu marido. Os dois jantam juntamente com o filho mais novo do casal. O filho mais velho saiu, mas por continuar a espreitar pelas janelas do primeiro esquerdo, mais tarde vim a descobrir que o filho mais velho trouxe (sem saber) duas personagens importantes para a vida desta família. Ironicamente, a namorada, e o melhor amigo, que tanta sedução, desejo e confusão trouxeram à vida deste casal. Um casal aparentemente perfeito. Mas por baixo de uma película de ouro, escondem-se traições e mentiras, e daqui, ainda alguém vai sair magoado. Quem e quando, não sei, apenas posso continuar a esperar à porta do Edifício e deixar que as vozes desta família se propaguem pelo ar até mim.
Poderia seguir o mesmo esquema e tentar ouvir o que se passa no primeiro direito através de uma janela entreaberta, de uma voz que venha até mim. Mas não é tão fácil. Porque o primeiro direito tem uma atmosfera sossegada mas acolhedora. A voz da inquilina Maria José é suave. Por mais que tente não consigo ouvir de cá de fora. Por isso entro as portas de vidro do Edifício e ouço Maria José. Está um homem a falar também. A voz dele é bem mais audível, forte mas protectora. Com um timbre de sedução e desejo está a tentar demover Maria José de algo que não consigo perceber. É fácil de notar o carinho que o dono do primeiro direito tem para com a sua cunhada, inquilina e amante. Tudo isso Maria José é. Mas muito mais... É namorada de um jovem muito mais novo, o carteiro que entrega as cartas a este Edifício. É divorciada de um homem que não lhe deu o devido valor. É uma professora. Dá explicações e já teve aventuras com alunos seus, com o cunhado, mas principalmente, ela gosta de como o carteiro a faz sentir. Nova, esbelta, diferente e ainda capaz de amar alguém. Ou será que esse amor deveria de ser dado ao cunhado... Veremos!
Subo a escadaria de mármore, e chego ao segundo andar. Segundo a Narradora que me descreve os maiores cuchichos
, o segundo andar é "exactamente igual ao primeiro, apenas com uma diferença peculiar. O aroma intenso que resiste no corredor entre as duas portas."
Na minha opinião, este andar tem uma diferença enorme do primeiro. É que os dois primeiros apartamentos que já descrevi envolvem de uma maneira ou de outra traições, casas harmoniosas e bem cuidadas, residentes maduros mas que podem sem esperarmos comportarem-se como adolescentes. Tudo isto o primeiro esquerdo e direito têm em comum. Mas no segundo andar... No segundo esquerdo, moram duas inquilinas. Jovens, estudantes, apaixonadas, mas que neste momento perderam o amor ás cores da vida. Talvez por um tempo tenham até perdido o valor do amor. No meio de uma amizade destruída e até de um romance destruído, as duas tentam voltar a acreditar que a paixão é possível, e que apesar de erros cometidos, nada vai ser como dantes... vai ser melhor.
Mas eu disse que este andar era diferente do primeiro. Simplesmente porque enquanto no primeiro andar as coincidências entre os apartamentos opostos são imensas, aqui as diferenças entre os apartamentos é que são de sublinhar. Enquanto no segundo esquerdo a confiança entre as inquilinas foi abalada, e as confusões emocionais são muitas, no segundo direito a confiança é, na minha opinião, máxima. Porque é preciso confiança no nosso amante e amor quando actos a três, quatro, ou até swing é praticado. É preciso confiança e certezas que tudo vai ficar bem. Que ninguém que o casal Laura e Afonso convide para a sua cama vai mudar a paixão que eles sentem um pelo outro. Pelo contrário, as fantasias a três, quatro e até cinco fazem parte do quotidiano das paredes deste apartamento, e fortalecem a relação que os dois têm. Outra diferença entre este e o segundo esquerdo é que os vizinhos ou adoram as estudantes do segundo andar, ou não se reconhecem nelas. Enquanto este segundo direito é amado por todos. Não é o favorito de muitos. Mas todos gostam de ler os posts excitantes e pormenorizados com que a Narradora nos presenteia. Espreitar a vida deste apartamento é simplesmente, um prazer.
Deixo o segundo andar e subo para o terceiro andar deste Edifício Magnólia. A noite acabou de cair, e no terceiro direito só agora "o dia" vai começar. Mas antes de poder concentrar-me neste apartamento, do lado oposto sai Rafael. Conheço a sua vida, conheço até o seu mais recente e maior segredo. O cubo de gelo que é Rafael, mas avassalador em relação a orgasmos, já foi traído e humilhado. Isso faz com que ele se proteja. Mas até quando... É que Rafael ainda não reparou em mim a meio da escadaria que liga o segundo ao terceiro andar. Rafael congelou em frente ao apartamento da amante Ana. Ele ouve gemidos. Movimentos dentro do apartamento da vizinha. A expressão de Rafael é uma mistura de desprezo, tristeza e confusão. Ele queria estar com ela. Alguma revelação talvez? Mas ele já sabia que a esta hora Ana estaria ocupada com clientes. Porque Ana é uma acompanhante sublime e profissional. Talvez Rafael quisesse mudar os planos de noite de Ana. Enquanto penso nisto Rafael repara finalmente em mim. O seu olhar sedutor e charmoso nem com tristeza se dissipa. O seu corpo oponente vira-se para mim, e o morador do terceiro esquerdo dá-me um breve sorriso. Depois volta a dirigir-se para dentro de casa.
Do apartamento de Ana continuo a sentir energia e a promessa de uma noite escaldante para algum cliente da jovem. Mas este terceiro andar ainda tem muito que contar, e sendo estes os meus apartamentos que mais gosto de espreitar, espero daqui ainda muitas emoções e sensações.
Apesar de este Edifício só ter três pisos, há ainda 2 espaços muito importantes para mim, para os vizinhos e para os moradores. O novo complexo na parte superior do Edifício, com piscina, jacuzzi entre muitos outros requintes aquáticos, provocam novas sensações e momentos escaldantes entre todos os que passam por aqui. Mas depois de tanta sensação, emoção, paixão, cuchichos e até delírio, só mesmo um lanche tardio ou nem tanto é que me pode refrescar as ideias. O Espaço Magnólia é algo que transforma e dá vida (ainda mais vida diria eu) a todo o complexo de apartamentos.
O post já vai longo, muito longo até, mas era preciso eu demonstrar o quão feliz fiquei pela minha nomeação Magnolium. Desde à uns meses que sigo atentamente este maravilhoso blog, que encontrei tal como disse no princípio, "por mero acaso", depois de visitar as sugestões do "Blogues Eróticos". Assim vou continuar, e convido todos os que passarem por aqui a passarem pelo Edifício Magnólia. Toquem às campaínhas e... deliciem-se!

5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Lize...

Não podia deixar de dar mais uma vez os parabéns não só pela Menção Magnolium...mas também por este magnífico post. É uma descrição fantástica deste edifício que nos vai acompanhando todos os dias um bocadinho!!!

Um beijinho cheio de Aromas!!!

Magnolia disse...

Não é uma situação inédita. Não é algo que se possa dizer que nunca aconteceu aos moradores do Edificio Magnolia. Mas palavras como as da Lize, num único post, a descrever uma forma genuína de ver o que vai ocorrendo por entre as paredes deste empreendimento, tornam-se surpreendentes, magnânimas, poderosas, sublimes, cheias de vida.
É dificil comentar esta cusquice, a qual não passou ao lado de nenhum morador. No entanto, será feita uma retrospectiva ao que foi escrito.
Do 1º esquerdo chega a impressão de que sabe bem ouvir a sensação de que as vozes não se dissiparão tão cedo até te alcançarem.
Do 1º direito fica a sensação de um elogio imenso. E Maria José só pode concordar contigo. Ela ainda é capaz de amar alguém. O tempo trará boas novas.
É dificil encontrar palavras mais acertadas, mas ao mesmo tempo embelezadas, daquilo que ocorre no 2º direito. A paixão que existe procura entregar um ambiente distinto daquilo que é vivido nas portas alheias. A dedicação que é partilhada tenta salientar possibilidades que só estão ao alcance dos mais audazes e fantasiosos. As tuas palavras complementam tudo o que já foi revelado neste apartamento.
E só posso concordar contigo quanto ao choque que existe na opinião relativamente à Lúcia. Isso sabe bem, demonstra a personalidade forte que os moradores julgam que ela tem. Assim, o 2º esquerdo só pode trazer sentimentos tão distintos que se resumem a um factor. Recordando uma ideia associada a um politico célebre americano, a Lúcia é a personagem que as pessoas amam odiar. :)
Quanto ao 3º esquerdo, apesar de salientar que fazes uma ideia muito assertiva daquilo que Rafael sente em relação à sua vizinha, apenas quero entender algo... Tu estás a atirar-te ao Rafael???!!! :)
Ana é a personagem atípica, a dupla personalidade que gera sensações fortes.Um dia, este apartamento soltará mais emoções do que aquilo que se ousava querer imaginar ao espreitar. Sim, Lize, este apartamento ainda tem muito que contar.
É a tua opinião que torna o Edificio ainda mais especial. Não para muita gente. Mas é especial para pessoas especiais que significam muito para quem narra e para cada apartamento, especialmente o que revela a história verdadeira. As tuas palavras, para além de se encaixarem como uma luva naquilo que o Edifício pretende ser, trazem uma nova lufada de motivação para surgirem novas revelações. Como disseste, o Edificio é cheio de vida. Mas precisa de reflexos, de incentivos, de motivos para transmitir ainda mais vida.
A tua felicidade por receberes o prémio só se espelha na certeza que o Edifício tinha em entregar-to no momento certo. Mas jamais se poderia esperar que o momento fosse tão adequado e que a resposta fosse tão sublime, tão cheia de vida. Imagino um discurso teu numa espécie de gala de entrega do prémio e devo dizer que soa muito bem. Imagino uma entoação tua a ler o que aqui escreveste, à porta do Edificio ou numa reunião de condomínio e deixar uma enorme sensação de gratidão em todos os presentes.
Já houve palavras muito fortes escritas sobre o Edificio noutros blogues e espaços. Por isso é que existe no blogue a referência a essas cusquices. Já houve sentimentos confessos de vizinhos do Edificio que continuam a sensibilizar quem narra. Espero que continue a haver feed-backs tão positivos quanto genuinos. Mas tenho a certeza que este post da Lize é um marco na vida do Edificio Magnolia.
Com um post tão elaborado, só um comentário tão elaborado. Se uma dia houver as palavras certas para te agradecer, espero que as imagines na tua objectiva do ser.

Lize disse...

Papinha,
Mais uma vez obrigada pelas tuas palavras sempre extremamente simpáticas! O Edifício acompanha-nos sim, e fico feliz por uma das minhas vizinhas gostar daquilo que escrevi.

Obrigada, e volta sempre por cá! :D
Beijocas

Lize disse...

Magnolia,
Para um post tão "longo e cheio de vida" só mesmo um comentário com as mesmas características.
Adorei saber que os moradores receberam as minhas palavras e que gostaram do que escrevi. Quando comecei a escrever o post não queria "copiar" o que sei que muitos vizinhos já fizeram e falar de todos os apartamentos... Mas escrevi, escrevi e acabei por mudar de ideias ;)
Espero que sim, que continues a narrar os acontecimentos neste Edifício. Sei que os comentários já foram mais, e às vezes pode parecer que o interesse desapareceu, mas como vês ainda tens grandes fãs!
Beijocas floridas :)
P.s.: Não, não me estava a atirar ao Rafael, apenas a observar as belas vistas do Edifício eheheheheh. Já tenho o meu próprio professor de equitação la la la la la ;) xD

Anónimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu